Com a proximidade da aplicação da Prova Floripa nas escolas da RME/PMF, nós, da Unidade Classista, vemos a necessidade de explicitar um posicionamento claro em relação à mesma. Entendemos que todas as avaliações externas à escola, mesmo que de forma obscura, possuem intenções políticas nocivas ao processo educacional, seja como mecanismo de controle social, seja com o objetivo de regular os investimentos em educação.
As avaliações externas (Prova Brasil, Prova Floripa, dentre outras)
caminham na lógica traçada pelos Organismos Internacionais (Banco Mundial, FMI,
BID) para a Educação Pública dos países periféricos do capitalismo globalizado,
qual seja, uma educação voltada basicamente para a instrumentalização (mínima)
para o mercado de trabalho. Na divisão social globalizada do Trabalho não cabe
aos trabalhadores brasileiros papel de destaque na produção do conhecimento e
tecnologias, em especial aos estudantes de escolas públicas!
Para convencer os trabalhadores, as avaliações externas são apresentadas
carregadas de termos característicos das bandeiras de luta dos professores
como: democracia, qualidade de ensino, justiça social, entre outros. Todavia,
estes assumem significados que não estão de acordo com nossas lutas. Por
exemplo: a qualidade pregada nessas políticas são baseadas em fluxo de alunos e
notas obtidas em seus exames, negligenciando as condições de trabalho dos
profissionais da educação e de aprendizagem dos alunos e, muitas vezes, indo
contra o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição de ensino.
A finalidade dessas avaliações não parte da valorização do processo
educacional e da formação dos alunos, mas é reflexo das demandas impostas pelos
organismos internacionais, para a formação de trabalhadores para o mercado de
trabalho, com um maior grau de escolaridade, sem possuir efetivamente maior
apreensão de conhecimentos. Promovem, na verdade, a intensificação de elementos
como a competição e a meritocracia, inclusive entre as próprias escolas e os
seus profissionais, ao estabelecer um ranqueamento das instituições a partir
das notas do IDEB. Notas essas que, para atingir valores satisfatórios,
implicam em fomentar políticas que em nada auxiliam no processo de ensino - aprendizagem,
como a instauração da Progressão Automática, a fim de elevar os índices de
aprovação e economia de recursos públicos.
Essas avaliações se centralizam no instrumento de provas aplicadas aos
estudantes e focam em algumas disciplinas, principalmente Matemática e Língua
Portuguesa para traçar o nível de aprendizagem dos alunos e das escolas. Desta
forma, nega a educação integral do ser humano baseada na aquisição dos
conhecimentos (de todas as áreas!) produzidos historicamente pela sociedade,
além do desenvolvimento das dimensões artísticas, culturais e políticas do ser
humano.
Se não bastassem essas limitações, por trás dos testes padronizados
encontramos uma política educacional ainda mais perversa. O chamado
“Accountability”, ou seja, a responsabilização dos resultados que caem nos
ombros dos professores, diretores e equipes pedagógicas das escolas, como se
esses fossem os grandes culpados pelos maus resultados. Do outro lado vemos
acontecendo em vários estados e municípios um processo avançado de meritocracia
baseada nos resultados dos exames. Professores, diretores e equipe pedagógica
recebendo bonificação em dinheiro por conseguirem bons resultados de seus
alunos nos exames. Toda essa lógica vem desvirtuando o objetivo da educação. Já
ocorrem cursos de formação para professores melhorarem os índices de seus
alunos, venda de apostilas padronizadas com o mesmo objetivo e já encontramos
diversos relatos de escolas que fazem cursos “Pré Prova Brasil” inclusive com
aplicação de simulados aos alunos! Desta forma o Projeto Político Pedagógico da
escola fica em segundo plano e todos os esforços são voltados para o objetivo
de obter bons resultados nos exames externos e alcançar um alto no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Nesse sentido, apontamos a
necessidade urgente de combater essas avaliações que não consideram a realidade
do sistema educacional - no sentido de valorizar e melhorar efetivamente as
condições dos trabalhadores e o processo de aprendizagem dos alunos - mas que
buscam, apenas, implementar políticas de atendimento aos interesses dos setores
empresariais.
Por esses motivos,
nós, da Unidade Classista Florianópolis, nos posicionamos contrários às
avaliações externas e nos colocamos ao lado dos professores que defendem a NÃO
aplicação das provas aos estudantes!
Por uma Educação Integral, Crítica e Transformadora!
Florianópolis, 18 de Outubro de 2016
COORDENAÇÃO ESTADUAL DA UNIDADE
CLASSISTA SC
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