terça-feira, 18 de outubro de 2016

NOTA DA UNIDADE CLASSISTA SOBRE A PROVA FLORIPA


          Com a proximidade da aplicação da Prova Floripa nas escolas da RME/PMF, nós, da Unidade Classista, vemos a necessidade de explicitar um posicionamento claro em relação à mesma. Entendemos que todas as avaliações externas à escola, mesmo que de forma obscura, possuem intenções políticas nocivas ao processo educacional, seja como mecanismo de controle social, seja com o objetivo de regular os investimentos em educação.
As avaliações externas (Prova Brasil, Prova Floripa, dentre outras) caminham na lógica traçada pelos Organismos Internacionais (Banco Mundial, FMI, BID) para a Educação Pública dos países periféricos do capitalismo globalizado, qual seja, uma educação voltada basicamente para a instrumentalização (mínima) para o mercado de trabalho. Na divisão social globalizada do Trabalho não cabe aos trabalhadores brasileiros papel de destaque na produção do conhecimento e tecnologias, em especial aos estudantes de escolas públicas!
Para convencer os trabalhadores, as avaliações externas são apresentadas carregadas de termos característicos das bandeiras de luta dos professores como: democracia, qualidade de ensino, justiça social, entre outros. Todavia, estes assumem significados que não estão de acordo com nossas lutas. Por exemplo: a qualidade pregada nessas políticas são baseadas em fluxo de alunos e notas obtidas em seus exames, negligenciando as condições de trabalho dos profissionais da educação e de aprendizagem dos alunos e, muitas vezes, indo contra o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição de ensino.
            A finalidade dessas avaliações não parte da valorização do processo educacional e da formação dos alunos, mas é reflexo das demandas impostas pelos organismos internacionais, para a formação de trabalhadores para o mercado de trabalho, com um maior grau de escolaridade, sem possuir efetivamente maior apreensão de conhecimentos. Promovem, na verdade, a intensificação de elementos como a competição e a meritocracia, inclusive entre as próprias escolas e os seus profissionais, ao estabelecer um ranqueamento das instituições a partir das notas do IDEB. Notas essas que, para atingir valores satisfatórios, implicam em fomentar políticas que em nada auxiliam no processo de ensino - aprendizagem, como a instauração da Progressão Automática, a fim de elevar os índices de aprovação e economia de recursos públicos.
Essas avaliações se centralizam no instrumento de provas aplicadas aos estudantes e focam em algumas disciplinas, principalmente Matemática e Língua Portuguesa para traçar o nível de aprendizagem dos alunos e das escolas. Desta forma, nega a educação integral do ser humano baseada na aquisição dos conhecimentos (de todas as áreas!) produzidos historicamente pela sociedade, além do desenvolvimento das dimensões artísticas, culturais e políticas do ser humano.
Se não bastassem essas limitações, por trás dos testes padronizados encontramos uma política educacional ainda mais perversa. O chamado “Accountability”, ou seja, a responsabilização dos resultados que caem nos ombros dos professores, diretores e equipes pedagógicas das escolas, como se esses fossem os grandes culpados pelos maus resultados. Do outro lado vemos acontecendo em vários estados e municípios um processo avançado de meritocracia baseada nos resultados dos exames. Professores, diretores e equipe pedagógica recebendo bonificação em dinheiro por conseguirem bons resultados de seus alunos nos exames. Toda essa lógica vem desvirtuando o objetivo da educação. Já ocorrem cursos de formação para professores melhorarem os índices de seus alunos, venda de apostilas padronizadas com o mesmo objetivo e já encontramos diversos relatos de escolas que fazem cursos “Pré Prova Brasil” inclusive com aplicação de simulados aos alunos! Desta forma o Projeto Político Pedagógico da escola fica em segundo plano e todos os esforços são voltados para o objetivo de obter bons resultados nos exames externos e alcançar um alto no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Nesse sentido, apontamos a necessidade urgente de combater essas avaliações que não consideram a realidade do sistema educacional - no sentido de valorizar e melhorar efetivamente as condições dos trabalhadores e o processo de aprendizagem dos alunos - mas que buscam, apenas, implementar políticas de atendimento aos interesses dos setores empresariais.

Por esses motivos, nós, da Unidade Classista Florianópolis, nos posicionamos contrários às avaliações externas e nos colocamos ao lado dos professores que defendem a NÃO aplicação das provas aos estudantes!
Por uma Educação Integral, Crítica e Transformadora!

Florianópolis, 18 de Outubro de 2016
COORDENAÇÃO ESTADUAL DA UNIDADE CLASSISTA SC

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